Três,
dois, um, rola o dado, vai começar.
Escolhe
um pino e um time, escolhe um lado. E começa a jogar.
E você anda
quatro casas e para no quadrado. “Meu primeiro amor”. Gira a roleta. Fique uma
rodada sem jogar, você está de coração partido, seu amor não foi retribuido.
Passou,
joga de novo. Passou a rodada, mas você não. Andou um quadrado, caiu no
“Repetiu de Ano”. Volte um quadrado, estude mais. Seus amigos continuaram, os
pinos indo pra frente, você ficou pra trás.
Calma, tem
mais jogo, continua. Cada passo é um passo. Tem tempo. Puxa uma carta do maço.
“Adolescencia”. Ande quatro casas, volte três, fique em dúvidas, grite pros
seus pais “a vida é minha”. Fique com o rosto cheio de espinha. Ande mais vinte
casas. Volte quarenta. Seus amigos já deram beijo na boca, você nem tenta. Na
festa todo mundo dança, você senta.
Rola o
dado, anda, parou em outra casa? “Vestibular”. Fique três rodadas sem jogar.
Alias, levanta da mesa, joga o tabuleiro longe e vai estudar.
Passou!
Ande dez casas e vá para a Faculdade. Role o dado dez vezes: Uma pelas
namoradas, uma pelas provas, duas pelas festas e as baladas, três pelos amigos,
mais uma por alguns corações partidos, uma para o fim de toda essa loucura, a
última pela formatura.
Parabéns!
Você caiu no “primeiro emprego”! Na segunda-feira vê se chega no horário. Role
o dado, se der quatro e meio você vai receber um bom salário.
Anda de
novo, dessa vez de carro! É um ponto zero e não engata direito a ré, mas é
melhor que andar a pé.
Jackpot!
“Casamento”. Parabéns! Junte os dois pinos na mesma casa (alugada), volte
trinta para pagar a festa e na Lua de Mel você gasta o que resta.
Puxa outra
carta do baralho, com cuidado. Você fez quarenta anos! Ganhou dois filhos e um
emprego mais bem remunerado.
Jogada
bonus! Você ainda não ficou careca, as calças largas precisam de um cinto e seu
cabelo branco te deu um ar distinto.
Rola o
dado, mais um pouco. Mais idade, aposentadoria. Seu casamento ainda é feliz,
quem diria! Você encontra os pinos divorciados para uns petiscos e bebida, e
descobre que até que não ta ruim a sua vida.
Joga mais
um pouco, devagar, que a mão ta fraca, se forçar muito ela empaca, e aí...
E aí quer
saber? E aí você descobre que era só um jogo o tempo inteiro. Só uns pinos em
cima de um tabuleiro. E pro diabo com as regras, ande pra trás, pra frente,
jogue o tabuleiro pro alto, seja incauto. Quebre a ampulheta, pise em cima da
roleta, faz da vida o que quiser, desde que inclua diversão. Esse jogo ta no
armário faz um tempão, e ninguém ainda aprendeu a jogar direito, da sempre confusão.
E quer saber? Desconfio que nem vem com manual de instrução.
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