Teve aquele moço que, numa noite de terça-feira, sonhou com uma linda mulher em um vestido branco e resolveu viajar o mundo a procura dela.
Não sei que fim levou. Largou mulher, filhos, emprego, tudo. Hoje passa os dias indo de cidade em cidade, perguntando em cada esquina por uma mulher de branco, com umas orelhas meio de abano saindo pelo cabelo e os dentes da frente levemente separados.
Tem também o escritor que, cansado dos romances fracassados, resolveu sentar e escrever a mulher perfeita. Achava que seus livros fracassavam porque as mulheres da história não tinham o apelo certo, não seduziam nem apaixonavam o leitor. Passou três anos só desenvolvendo a personagem, cada traço, cada trejeito, tudo. No final, se apaixonou por ela. Dizem que são felizes, até hoje.
E o sujeito que se matou pra ir de encontro a namorada, falecida num acidente de carro?
Chegou no céu e descobriu que ela já estava com outro. Passou semanas em depressão. Um dia não agüentou mais. Reencarnou.
Teve o outro que uma vez usou um terno tão bonito, mas tão bonito, que quando se olhou no espelho virou gay. Descobriu que nunca acharia uma mulher tão bonita quanto ele naquele terno. Esse não sei que fim levou, mas dizem por aí que está bem de vida, mora sozinho, tem dinheiro e vive rindo a toa.
A moça que se apaixonou por dois homens, também. Não sabia qual escolher, passava um dia com cada, e, quando deitava na cama com um, pensava no outro. Ficou assim por anos, sem conseguir decidir. No final, descobriu que cada um deles também tinha outra, e hoje em dia moram os cinco juntos, e dizem que as festas na casa deles são muito boas.
O que se apaixonou por um momento? Esse, coitado, é triste até hoje. Namorava a menina, o namoro já estava pra acabar, mas um dia, na saída de uma festa, a manga do vestido caiu um pouco pelo braço, relevando um ombro nu, ao mesmo tempo em que ela virava o corpo e levantava a perna esquerda para trás, pra arrumar o salto, e o coitado se perdeu no momento. Pediu ela em casamento, comprou casa, tudo. Passa a vida esperando um momento que nem aquele.
Teve o musico também, que todo dia escreve uma valsa pra mesma mulher. Já tem mais de oitenta valsas. Só falta encontrar a mulher.
Esquisito foi aquele lá, que se apaixonou pela paciente. Passavam horas conversando, ela contando da vida dela, ele ouvindo. Toda semana, no mesmo dia, no mesmo horário. Um dia ele se decidiu, largou a família, abandonou a psiquiatria e foi viver com ela no quarto do manicômio.
E o casal de velhinhos? Tiveram um casamento arranjado, passaram a vida inteira juntos a contragosto. Nem se falavam. Jantavam em silêncio, ela via novela, ele lia o jornal. Passaram quarenta anos morando juntos, se ignorando em completa harmonia. Semana passada descobriram que se amam. Deu uma confusão danada. Parece que até sexo começaram a fazer.
E teve o garoto que descobriu que a namorada tinha um caso com o melhor amigo. Dez anos depois, ficou milionário e se mudou pra Paris. Só de birra.
O mundo é um dos piores lugares do mundo pra se apaixonar.
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