domingo, 18 de julho de 2010

O Homem que Viveu de Mais

No seu último dia de vida, ele acordou, tomou café e foi trabalhar.
Sentou na sua mesa, pegou seus papéis e escreveu, escreveu sem parar.
E trabalhou, trabalhou, trabalhou até o trabalho acabar.
E foi para casa, descansar.

Chegou em casa e sentou no sofá, olhou para o nada e começou a pensar.
Pensou na vida, pensou na morte, pensou em tudo aquilo que ia ficar.
Pensou, pensou, pensou em todas as pessoas que iriam chorar.
E foi para a rua, caminhar.

Caminhou pela rua sozinho e viu gente a sorrir e conversar
E pensou: "essa é a ultima vez que eu vou pensar"
Caminhou, caminhou, caminhou até não ter por onde mais passar
E voltou para casa para amar.

Viu sua mulher e seu filho pequeno na cozinha e chorou
Chorou de raiva e de inveja, e de saudade do futuro que chegou
Chorou, chorou, chorou por tudo aquilo que nunca experimentou
E foi para a cama se deitar.

E se deitou para dormir pensando nessa vida sem sentido e sem razão
E antes de dormir, olhou pro céu e pediu uma explicação
"Me da um sentido, um motivo, qualquer sombra de orientação"
E lá de cima o silêncio escureceu e entristeceu seu coração.

Fechou os olhos.
E antes do fim, pensou.
E talvez tenha sido, uma idéia ou resposta
para suas terríveis aflições.
Que são as mesmas,
Em tantos corações.

Mas já não se sabe o que foi,
Que passou por sua cabeça no final
Um pouco antes do dia clarear
Porque quem pensou,
Já não está aqui para contar.

Um comentário:

  1. não consigo adaptar-me aos seus textos muito românticos; ainda assim, de acordo com a proposta do estilo, voce tem encaminhado muito bem os textos. há frases que eu acho muito belas.

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