Era um tempo em que o tempo não importava. Uma corrida alucinante contra o nada, sem vencedores ou linha de chegada.
Eu e você, intrusos como o sol da meia noite, traziamos em nós o brilho errante que fazia da noite uma manhã de inverno.
Nos olhos teus eu via minha propria esperança, pouco a pouco dilacerada, uma idéia que vira um sonho, um sonho que vira passado, um passado
transformado em nada.
E mesmo assim procuro aquele olhar no escuro das madrugadas, tentando achar na tua imagem e na tua ausência, aquilo que perdi dentro de mim.
Não mais. Os olhos já refletem tão somente aquilo que eles vêem. O sol da meia noite fugiu, assustado com o brilho palido de uma lua desalmada.
Assim caminhamos, lado a lado, em estradas separadas, buscando reconstruir a narrativa de histórias de amor que nunca foram terminadas.
E tudo aquilo que ontem era tudo, hoje é nada.
Como a brasa incandescente e solitária, somos tudo que resta de uma chama que ha muito se apagou.
Coroando o toco de uma vela esquecida, um resto de pavio avermelhado, desenhando tristes
espirais de fumaça no vazio.
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