Fazer 23... E é o primeiro aniversário de vida adulta, com
direito a diploma de faculdade, OAB e carteira assinada.
E você pensa o que? Quando ainda se sente o mesmo menino que
aprendeu o Fá, o Fá Sustenido e Sol na tua guitarra velha, pra gravar os
primeiros rascunhos do que viria a ser parte tão importante da tua vida, em um
gravador de áudio do Windows 98...
E como você vive? Sabendo que, lá no fundo, ainda é o mesmo
garoto que pedia pra ir no banheiro pra professora no meio da aula de desenho
geométrico? E, vamos falar a verdade? Ninguém tinha vontade de ir no banheiro
mesmo, a gente só queria dar uma volta no corredor da escola e fugir um pouco
da aula...
E como manter a cara séria no dia a dia? Quando você percebe
que, no fundo, ainda tem vontade de pedir direçã pro pai em cada
bifurcação na estrada? Quando acorda com febre e ainda sente o impulso de bater
na porta da mãe três vezes pra pedir pra não ir na escola, antes de lembrar que
agora você mora sozinho e ninguém perdoa um dia de trabalho perdido por uma virose
qualquer...
E agora? Agora que todo mundo cresceu e parece que você
ficou?
Não esquenta, que ninguém cresceu não. Todo mundo mantém
essa cara séria aí porque eles olham em volta e ta todo mundo de cara séria
também, com cara de que ta sabendo o que ta fazendo. Mas ninguém sabe não, e se
sobrar um leve sorriso, uma esticada no canto dos lábios, daquelas que o
pessoal tentava esconder quando ia pra sala da diretora, cai todo mundo na
gargalhada, se perguntando “o que a gente ta fazendo nesse mundo louco dos adultos?”.
Feliz aniversário, cara.
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