- PUTA QUE O PARIU, EU AVISEI QUE IA DAR MERDA – Disse o
homem das cavernas para o amigo, quando o primeiro milho explodiu em uma
misteriosa e macia bolinha branca.
-CARALHO, CARALHO, QUE PORRA É ESSA? – Gritava, em
resposta, o outro, enquanto mais e mais bolinhas brancas pipocavam do fogo.
Saíram os dois correndo, e ficaram observando, de trás da
árvore.
-Vai lá ver, acho que parou. – Disse um deles, depois de
um tempo.
-Vai você, a ideia foi tua.
Cuidadosamente, o homem, peludo e pelado, foi até perto
da fogueira. Várias das bolinhas brancas estavam espalhadas em volta do fogo. Com
cuidado, pegou uma na mão.
-E aí? – Gritou o outro, de trás da árvore.
-É macio. Vem ver.
O outro chegou perto e ficou olhando.
-Come.
-Pra puta que te pariu. Come você.
-A ideia foi tua. Agora a gente ta sem milho e sem
comida. Come, vê se é de comer.
O outro hesitou, depois disse – Não tem cara de ser de
comer.
- As vezes é, pô. Come logo.
-Se der merda...
-Não vai dar merda, come essa porra!
O homem fechou os olhos e colocou a bolinha na boca.
Mastigou de olhos fechados por um tempo, depois disse:
-Falta sal.
-O que?
-Nada, deixa quieto. Da pra comer sim, pega uma. – E ofereceu
outra, do chão, para o amigo.
-É, é de comer mesmo.
Comeram em silêncio por um tempo. Depois, o primeiro
falou:
-Porra, que esquisito.
-Não é? Te faz pensar...Deve ter tanta coisa boa pra
comer aí que a gente ainda não descobriu...
Silêncio por mais um tempo. O outro fala:
-E aquela gosma branca que sai da teta dos bichos, será
que da pra beber?
-Porra, tu é nojento pra caralho, hein? – Disse o outro,
e foi embora inventar o sal.
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