quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Noite

Que fascínio é esse que exerce a lua sobre mim?
Que sombrios sonhos e quimeras são esses que parecem se esconder por detrás de cada beco escuro, de cada rua solitária, de cada bêbado sonhador?
Que se esconde atrás de cada janela iluminada na calada das madrugadas, quando a vida inteira parece não mais que um delírio confuso na mente de um ninguém que dorme sob as estrelas, escondido sob o inverno em uma casa distante no meio de lugar nenhum?
Que paixão intensa é essa que me domina quando vem a escuridão, que me faz arder como um amante apaixonado?
Que se esconde atrás de cada olhar profundo, de cada cachorro de rua? Que se esconde atrás da noite?

O dia é alegre, o dia é eufórico. A noite é poética, romântica, alucinada. O dia revela. A noite esconde. O dia se oferece. A noite seduz. O dia é para todos. A noite, para poucos.

Que magia é essa que vem depois do por-do-sol, me fazendo amar de todo o meu coração tudo aquilo que um dia já amei?
E num suspiro em silêncio, eu tento sempre estender a minha mão, fazer da noite minha amante. Ela não rejeita ou me aprova. Só me olha com seus olhos, tristes e lindos, me seduz em silêncio, me deixa sem saber se me quer, não me quer ou me ignora.

Mas ela sempre volta. Quando o sol parece iluminar tudo aquilo que me aterroriza e me entristece, vem a noite me acolher. E eu me apaixono novamente, sempre, sempre.

A noite é o meu grande amor. Porque de tudo que amo e já amei nesta vida, para tudo aquilo e todos aqueles que já entreguei meu coração, que já jurei amor eterno, foi a noite, e somente a noite, que nunca falhou em vir quando eu chamei. Nunca.

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