E eu
não aguento mais. Falar com você. Manter esse acordo cordial, essa troca
de favores automatica. Eu não suporto os nossos beijos de despedida as
oito da manhã, nem os de reencontro as seis da tarde. Eu não aguento o
seu sorriso, e eu desprezo o seu abraço na cama.
Não é porque
eu não te amo, é justamente o contrário. Eu não aceito que nossa vida
virou essa paródia de sí mesma. Eu não suporto que
seja tão fácil passar o dia longe de você, porque eu lembro de quando
nem o nosso olhar se separava, quando doía, doía fisicamente, ficar
longe de ti.
Teu sorriso sem sabor me incomoda porque espelha o
teu riso do começo, o teu riso de alegria de verdade, aquele sorriso
que você guardava só pra mim, não esse sorriso cansado de quem desistiu.
Cada beijo sem graça teu me machuca, porque me tráz de volta os nossos
beijos de antes. Cada abraço leve teu me causa dor, porque me voltam ao
coração todos aqueles abraços do começo, tão apertados que parecia que
você e eu queriamos virar uma coisa só.
E viramos. Você e eu
somos um, e agora você vem reclamar?Vem perguntar pra onde foi o meu
amor? Porque teus gestos não me movem mais? Porque eu não te amo?
É
claro que eu te amo. Eu não aguento a tua presença, eu não aguento falar
com você, eu não aguento nem te ver, porque você é quem eu mais sinto
falta. E, que droga, tudo o que você faz é me lembrar de você.
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