quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Estrada



(...)E eu sempre gostei de estradas, tem isso. Existe algo em uma estrada à noite, no prazer de se apoiar a cabeça no vidro de um ônibus e ver quilômetros e quilômetros de mato passando rápido por você, como num sonho. Nem uma alma a vista por horas e horas, só o barulho das pessoas dormindo, levantando para ir ao banheiro, virando páginas de suas revistas velhas. É poético, é bonito. É besta, eu sei, mas quando eu era criança e eu ia viajar, eu via aqueles descampados, aquelas florestas escuras, e eu ficava imaginando como seria se eu saísse do carro naquele momento e começasse a correr em direção a essa vastidão toda que eu via do outro lado da janela. Simplesmente correr e me perder naquela paisagem. Ficar ali pra sempre. Eu construiria uma cabaninha, faria uma fogueira no fim da noite e, sei lá, ficaria ali, sendo feliz. Às vezes eu ainda penso nessas coisas. Mas, acho que, se eu fosse fazer isso hoje em dia, levaria uma garrafa de alguma coisa. Whisky, ou até algumas cervejas. Sabe, só para o caso das coisas ficarem entediantes.(...)

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