sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bonde/Sonhos

Foi num bonde que cruzava essa mesma praça
Que eu a vi partir
Meio sorriso, meio choro, ensaiando um desespero
Que estava ainda por vir

Sonhamos uma vida juntos toda noite todo dia
Para sempre e até o fim
Mas qualquer dia sem eu perceber ela pegou no sono
E deu pra sonhar sem mim

E foi acalentando aqueles sonhos tão pequenos, tão miudos
Que sonhou pra si e só pra si
E os meus sonhos eram todos dela,mas os dela eram só dela
Como foi que eu não vi?

Depois que ela se foi me vi tão solto e tão perdido
Sem saber o que fazer
Com todos esses sonhos que ela não quis mais
Que eu criei e vi crescer

Um a um fui vendo eles cairem, doentes, moribundos, sem carinho e sem amor
Negados pela mãe, esquecidos para o pai
E não sobrou nenhum motivo pra fechar os olhos
Quando escurece e a noite cai

E hoje eu espero esse bonde, que faz tempo não existe mais
Cruzar essa mesma praça, esse mesmo lugar
E trazer de volta para mim, depois de anos e anos sem fim
Os sonhos que eu tanto quis sonhar

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