A única memória que eu tenho da época em que meus pais eram casados envolve uma barata.Eu devia ter uns cinco ou seis anos.Lembro que estávamos eu, minha mãe e minha irmã em casa quando de repente alguém a avistou.Não me lembro quem, só lembro que minha mãe, que morre de medo de baratas, saiu correndo e gritando e pulou em cima do sofá.Minha irmã foi atrás e logo estavam as duas no sofá.Eu sai do meu quarto e, apesar de nunca ter tido medo de baratas, resolvi participar da festa e subi no sofá também.Ficamos ali esperando meu pai chegar, não faço idéia de quanto tempo.Finalmente ele apareceu, e essa é a parte que eu mais me lembro: Meu pai passando pela porta da cozinha, de jaleco branco e carregando uma pasta preta.
Não me lembro de mais nada.Suponho que ele tenha matado a barata, já que ninguém mais esta em cima do sofá.Sempre que posso penso nesse dia.Não porque tenha sido divertido ou engraçado, não lembro se foi.Mas é a única lembrança que tenho da minha família unida, e quero guardá-la comigo o tempo que for possível.
Depois que meu pai foi embora, sempre que uma barata aparecia, eu era encarregado de exterminá-la.Sempre tinha que interromper o que eu estava fazendo, seja jogando videogame ou brincando com meus carrinhos, para ir matar a barata.
Durante muitos anos isso me atormentou.Odiava ter que parar de brincar para ir matar baratas.E elas apareciam com cada vez mais freqüência.Primeiro uma vez por mês, depois duas, depois toda semana.Até que um dia percebi que não tinha mais tempo de brincar, passava o dia todo caçando baratas.Hoje já desenvolvi técnicas e acabo com elas muito mais rápido, mas nunca vou esquecer o quão difícil foi essa época da minha vida, em que tive que aprender a matar baratas sozinho, porque ninguém mais podia fazer isso por mim.
Não sei bem o que essa historia quer dizer, só sei que hoje, sempre que vejo uma barata, olho com inocência para a cozinha, na esperança de ver meu pai entrando pela porta, de jaleco branco e carregando sua pasta preta, pronto para matar todas as baratas que roubaram minha infância.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Sonhos
Aproveite bem a vida
Disse o sabio ao aprendiz
Só me arrependo
Daquelas coisas que não fiz
Viva a realidade
Não viva de sonhar
Nem todo sonho
Pode se realizar
Não me entenda errado
Respondou o aprendiz
Mas não vejo sentido
Nas coisas que me diz
Quem falou que o sonho
É o esboço do viver
Se enganou, com certeza
Pois eu sonho por sonhar
E os sonhos que cultivo
Comigo vão morrer
Pois os outros teimam sempre
Em se realizar
Talvez
Para ser cantada com um violão, na praia, num dia de inverno.
Longe de casa, onde quer que você esteja
Vendo estrelas onde não existe nada
Parado esperando a carona
No meio da estrada
Voando baixo, com medo de chegar no céu
Voando livre num avião de papel
Um poeta sem pena uma mão que acena
Um pintor sem um pincel
E talvez
Talvez um dia um sonho entre por debaixo da porta
E te leve pra longe daqui
E talvez
Talvez voce encontre amigos na viagem de volta
E voe pra longe daqui
Talvez eu viva só de sonhos
Nem que seja por um dia
Talvez a tristeza seja apenas
Um outro tipo de alegria
E hoje eu sei que eu vou sonhar
Com uma noite sem luar
Talvez eu viva só de sonhos
Talvez eu morra só de amar
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Os Sonhadores
Os sonhadores esquecem
De vez em quando
As vezes sempre
Que o presente já foi futuro
Quando o passado era presente
E sonhadores de outrora
Sonhavam sempre
Com esse futuro-presente
Sonhavam todo dia
Sonhavam como agente
E se o futuro deles
Virou nosso presente
E nada mudou
Porque o nosso futuro
Há de ser diferente?
De vez em quando
As vezes sempre
Que o presente já foi futuro
Quando o passado era presente
E sonhadores de outrora
Sonhavam sempre
Com esse futuro-presente
Sonhavam todo dia
Sonhavam como agente
E se o futuro deles
Virou nosso presente
E nada mudou
Porque o nosso futuro
Há de ser diferente?
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