domingo, 23 de maio de 2010

Noites de Inverno

Tem noites que te pegam de repente
Te olham de frente enfrentam tua mente
E você nem sabe mais o que sente

Tanta confusão emoção tanta gente
Tanta paixão e você assim tão carente
E você se sente, nem sabe, diferente

Você não pertence a esse estranho ambiente
Quer desaparecer, inconsequentemente
Na trilha de uma estrela cadente

Agente se sente tão triste e nem sabe porque
Agente nem sabe se existe e nem quer mais viver
E tudo parece errado e o tempo parece atrasado
Tudo parece errado e parece que o mundo te deixou de lado

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sophia e os Castelos

Quando Sophia foi à praia pela primeira vez, ficou fascinada com todos os castelos que as pessoas faziam na areia. Por toda parte, para todos os lados que olhava, Sophia via castelos. Todos a sua volta pareciam fazer a mesma coisa: construir castelos de areia.

Para não se sentir excluída, Sophia achou um canto, sentou-se, juntou um punhado de areia e começou a construir seu próprio castelo. Tão logo começou seu trabalho, reparou em algo engraçado. Algo que ninguém parecia ter notado. O mar. Sophia percebeu que o mar avançava em direção a areia. Em direção as pessoas. Em direção aos castelos. Será que ninguém percebia que, cedo ou tarde, o mar ia alcançar os castelos?

Sem querer estragar a brincadeira de todos, a menina balançou a cabeça e tentou esquecer das ondas que ameaçavam as construções. Mas, quanto mais trabalhava, mas tinha a sensação de que aquela era uma brincadeira muito boba e sem sentido. Porque perder todo esse tempo construindo um castelo que vai desmoronar?

Tentou avisar as pessoas. Mas ninguém queria ouvir. Alguns lhe falavam que construíam castelos somente para se distrair, alguns diziam que, se o castelo fosse grande o suficiente, o mar não iria destruí-lo e alguns simplesmente diziam que não havia mar algum e que ela deveria parar de pensar besteira. É verdade que uma velinha, ao ouvir Sophia falar do mar, olhou bem para a menina e falou: “Não é que você tem razão?” e foi embora da praia. Mas a maioria das pessoas não queria ouvir falar de mar nenhum.

Sem saber bem o que fazer, Sophia resolveu voltar para seu castelo. Construiu bonitas torres e um lindo muro e uma ponte grande e imponente. Passou horas construindo, mas, a cada segundo, Sophia sentia o mar chegando mais perto, e isso a enchia de temor.

Finalmente o mar derrubou um castelo. Sophia deu um grito de horror ao ver o que tinha acontecido. Mas ninguém mais notou. Ou ninguém pareceu notar. Todos estavam entretidos com seus próprios castelos, e ninguém queria saber do castelo dos outros.

Horrorizada, Sophia continuou trabalhando e tentou esquecer do mar. Mas, vez ou outra, olhava na direção do mar e podia vê-lo chegando, cada vez mais perto, cada vez mais ameaçador.

E assim foi o dia de Sophia na praia. No final, todos os castelos foram destruídos pelo mar e só sobrou o de Sophia. E então, Sophia não podia mais fingir que o mar não existia, e não podia mais fingir que seu castelo iria durar para sempre. E Sophia olhou para todos em volta e perguntou, em um grito:
“Porque vocês me deixaram construir esse castelo? Porque não me avisaram que ele estava fadado? Porque continuaram construindo os seus castelos quando sabiam muito bem que eles não iriam durar? Porque fizeram isso comigo?”

Ninguém respondeu.

domingo, 16 de maio de 2010

Um Grito na Noite

Quero sair desse mundo
Desse mundo de encontros e risadas
E festas intermináveis

Quero sair desse mundo
De sexo e de alegria
De fantasia e de euforia

Esse mundo sem poesia
De confiança e traição
Sem tédio e sem emoção

Esse mundo estranho e errado
Que caminha a passos largos
Em direção a perfeição

Esse mundo, não quero mais esse mundo
Que nunca me aceitou, nunca me quis
Não quero mais participar
Não quero saber dessa festa
Que ninguem me convidou

Se é para mudar, para se encaixar em alguma forma padronizada
E no resultado adicionar pequenos pedaços de personalidade partida
E chamar isso de individualização,
Eu? Eu digo não.

Me enojam esses sorrisos
Me enojam esse orgasmos
Me enoja esse gozo eterno
Esse desespero hedonista
Me enoja essa vida que tem de ser vivida
Do primeiro ao ultimo minuto
Intensamente


Não quero saber de seus amigos
Não quero saber de suas drogas
De seus encontros de seu namorado
Não quero saber de nada que você tem a oferecer
Você que vive, que dança, que aproveita,
Que absorve tudo ao seu redor
Se encheu tanto de vida e de prazer
Se encheu tanto de alegria e de paixão
Que perdeu tudo que tinha em você
Perdeu tudo que valia e não se importou

Valeu a pena?Valeu a pena? Ganhou
emoção, paixão e ilusão
Ganhou tudo isso
Mas em retorno, abriu mão de tua razão.
Que pena.
Valeu a pena?

sábado, 1 de maio de 2010

A Sina do Artista

A sina do artista é nunca apaixonar-se por um semelhante por completo. É viver fadado a estar sempre incompleto.
A sina do artista é nunca estar feliz quando não está só. A sina do artista é nunca não estar só.
A sina do artista é ser obrigado a respirar somente pela arte. A sina do artista está em viver sempre e somente pela arte.
A sina do artista é viver para sempre na platéia, assistindo a vida. A sina do artista é observar de longe, nunca e jamais entender a vida.
A sina do artista é ser todos, quando faz a sua arte. A sina do arista é ser ninguém, pois depois tudo vai embora e só sobra a arte.

A sina do artista é viver apaixonado, mas apaixonado por ninguém. Não entende como pode um ser comum apaixonar-se tão intensamente por outro ser qualquer. Pois o artista, o verdadeiro artista, aquele que nunca teve escolha, só consegue amar mesmo o conceito do amor. E é assim que vira artista. Assim que faz arte.